A Copa de 2014 e as vantagens e desvantagens para o nosso
país
O Brasil, de uma maneira geral, só tem a ganhar com a vinda
de um grande evento mundial como a Copa.
“A realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil tem sido
motivo de grande polêmica na sociedade. De um lado há os que são a favor do
empreendimento, apostando em grandes investimentos em infra-estrutura e
desenvolvimento interno. Já outros desacreditam os projetos do governo e dizem
que o evento trará grandes gastos públicos, e que o montante deveria ser investido
em setores mais carentes, como saúde e educação.
No entanto, algumas medidas positivas estão sendo tomadas.
Pode-se citar, como exemplo, a propositura pelo presidente do Conselho Nacional
de Justiça, Gilmar Mendes Ferreira, de um acordo de cooperação técnica com o
Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, com o objetivo de oferecer a
ex-detentos vagas de trabalho nas obras realizadas para a competição. Tal
medida figuraria como forma de ressocialização, através de parcerias com
empresas que ofereceriam postos de trabalho a estas pessoas extremamente
marginalizadas pela sociedade e vítimas de preconceito, pois insertas em um
sistema penitenciário falido, dissociado de seu escopo legal de re-inserção na
sociedade. Se o projeto realmente sair do papel, será uma verdadeira conquista
e resgate da dignidade humana destas pessoas que já pagaram sua dívida para com
a sociedade.
Certo é que a economia do país passará por um efeito
alavanca, em que todas as áreas terão ganhos. As cidades que sediarão os jogos
serão as primeiras a serem beneficiadas com grandes projetos de
infra-estrutura, como a preparação dos estádios, seja recuperando os já
existentes, seja pela construção de novos prédios, além da reformulação do
sistema de transporte público, melhoria no sistema de segurança e até mesmo na
movimentação da iniciativa privada na infra-estrutura de turismo, com a
construção de novos hotéis, restaurantes, o que inevitavelmente acarretará a
geração de empregos em diversos setores da economia.
Porém, a maior preocupação no cenário traçado é sobre qual a
melhor maneira de fazer com que todo esse investimento efetivamente ocorra, sem
que ninguém se prejudique, ou seja, que seja bom para o investidor privado e
público.
Neste sentido, a Parceria Público Privada aparece como um
caminho para o investimento, desde que o Governo trabalhe de acordo com os
limites impostos por lei. No entanto, essa alternativa deve ser cautelosamente
avaliada, visto que acarretaria um endividamento governamental, diante da
obrigatoriedade de o governo oferecer garantias aos entes privados, o que
poderá não ser a melhor opção para a ainda instável e frágil conjuntura
econômica global atual.
Assim, da gama de possibilidades que a Copa de 2014 traz
para a economia brasileira, a idéia da utilização de benefícios tributários
para determinados setores da economia torna-se um dos incentivos mais
interessantes.
Há que se cuidar apenas, com a experiência vivida nos Jogos
Pan-americanos de 2007, que a Copa não seja mais um motivo para escândalos
envolvendo o Governo, com desvio de dinheiro público e acertos ilegais.
Fato é que a economia tem chances de crescimento em todos os
setores. Independentemente do que ocorra ou da maneira como esse projeto
monumental seja gerenciado, haverá espaço para o profissional da área jurídica.
Diretamente, como já está acontecendo, há oportunidade de
consultorias, com elaboração de pareceres jurídicos, principalmente sobre as
maneiras de levantamento do dinheiro que será usado. Há ainda uma grande
demanda trabalhista, pois onde há grandes obras, há uma enorme quantidade de
contratações, tanto de mão-de-obra para a efetiva construção e reformas, como
também para todo o mercado fornecedor de matéria-prima e serviços.
Ainda, a demanda jurídica crescerá também na área internacional,
com a assessoria na obtenção de vistos e de investimentos estrangeiros.
Em resumo, o Brasil, de uma maneira geral, só tem a ganhar
com a vinda de um grande evento mundial como a Copa. Muitos turistas virão ao
país, muitas obras públicas e privadas serão realizadas e muito trabalho será
gerado. Assim, com uma boa gestão desta oportunidade e com a participação de
todos os setores da economia, a sociedade toda ganha”.
Guilherme Nunes é graduado pela Universidade Paulista e
pós-graduando em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Mackenzie
Nenhum comentário:
Postar um comentário